GRIPE ESPANHOLA DE 1918
Causada pelo vírus Influenza A, do subtipo H1N1
Sintomas: febre, problemas respiratórios e, algumas vezes, distúrbios gastrintestinais
Período: República
Impacto: calcula-se que o vírus tenha matado de 17 a 50 milhões de pessoas em todo mundo. Há algumas estimativas que falam em 100 milhões de vítimas. No Brasil, 8% a 10% da população pode ter morrido por complicações relacionadas à gripe.
HABILIDADES DA BNCC
EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil.
(EF09HI05) Identificar os processos de urbanização e modernização da sociedade brasileira e avaliar suas contradições e impactos na região em que vive.
Se em 1918 a febre amarela não era mais endêmica na capital do Brasil, naquele ano uma nova epidemia atingiu em cheio o Rio de Janeiro e o restante país: a gripe espanhola.
Possivelmente, ela surgiu nos Estados Unidos, cuja entrada nos esforços da Primeira Guerra Mundial acelerou sua disseminação pelo continente europeu no fim do conflito militar. O Brasil seria atingido pela gripe a partir de setembro de 1918. O navio inglês Demerara trouxe uma tripulação infectada para portos do Nordeste, como Recife e Salvador, e fez escalas na costa brasileira até chegar ao Rio de Janeiro e ao Porto de Santos. Na sequência, a doença avançou pelo interior do Brasil através das ferrovias que conectavam produtos como o café ao mercado internacional.
Leandro Carvalho, doutor em História pela Universidade Federal do Goiás e chefe do departamento da Área Acadêmica do Instituto Federal de Goiás, é autor de dois estudos sobre os impactos da gripe espanhola no Brasil.
Segundo o pesquisador, é difícil precisar quantas pessoas foram realmente infectadas no Brasil em 1918, assim como ocorre em relação aos dados disponíveis sobre o coronavírus. "As fontes a que tive acesso na cidade de Goiás, por exemplo, não relatavam mortes por gripe espanhola", explica. "Era uma doença multifatorial. Os atestados de óbito registravam principalmente mortes por doenças respiratórias, como broncopneumonia e pneumonia aguda".
Por esse motivo, Leandro considera baixo o registro oficial de 35 mil mortes por gripe espanhola no Brasil. Ele calcula que 30% a 40% da população foi infectada, e 8% a 10% morreu em decorrência de complicações relacionadas à gripe. Ele lembra que até mesmo Rodrigues Alves, presidente eleito em 1918, não resistiu à doença e morreu em janeiro do ano seguinte.
É possível traçar paralelos entre a atual pandemia de coronavírus e a da gripe espanhola. Uma das primeiras medidas tomadas no Brasil em 1918 foi a suspensão das aulas. Em seguida, eventos e locais que promoviam aglomerações como festas, bailes, matinês e teatros foram proibidos.
Embora a atuação de Oswaldo Cruz tenha sido essencial para combater a epidemia de febre amarela, o Brasil ainda estava muito longe de possuir um amplo sistema de saúde público em 1918. Leandro lembra que a própria Fundação Oswaldo Cruz e médicos como Carlos Chagas passaram a buscar políticas de prevenção, e não apenas de combate a focos da doença. Com isso, surgiu em São Paulo na década 1920 o Instituto de Higiene e na década de 1930 o Ministério da Educação e Saúde.
A ausência de uma resposta imediata dos médicos sobre como combater a epidemia levou grande parte da população a buscar refúgio em práticas populares de cura, conta Leandro. "A pinga com limão era muito recomendada na época". Não à toa, o Instituto Brasileiro da Cachaça considera que a invenção da caipirinha remonta a esse período.
Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/19001/para-relacionar-com-a-bncc-tres-epidemias-que-mudaram-o-brasil. Acesso em 14/10/2020